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Bala na Agulha, de Marcelo Rubens Paiva



“Num oceano, a falta de ventos e o céu claro podem ser traduzidos como calmaria. No entanto, correntes nas profundezas arrastam e tumultuam. É na escuridão que as feras atacam. Aparentemente, a família Castilho estava bem. Talvez eu fosse a corrente que arrasta e tumultua. Eu sou o mal.”


Nota: ⭐️⭐️

Editora: Siciliano


Depois de ter lido a autobiografia do autor, chegou a hora de explorar algumas de suas obras de ficção. Foi dessa forma que uma ida ao sebo e dez reais fizeram eu cruzar com essa obra de Marcelo. E confesso que o contraste do estilo de escrita me pegou de surpresa.


Marcelo entrega em Bala na Agulha um romance que mistura ação, conspiração e crítica social com o estilo ágil e direto que lhe é característico. Publicado em 1992, o livro conta a história de Thomaz, um ex-garoto de programa brasileiro que tenta refazer a vida nos Estados Unidos como traficante. Enfadado com a monotonia do crime, sua vida ganha um novo rumo após uma mensagem na secretária eletrônica, levando-o a uma trama de assassinato, perseguição e conspirações políticas que se desenrolam entre Nova York e o Brasil.


O protagonista, imerso no submundo das drogas e da prostituição, se vê envolvido em uma intrincada conspiração que o força a questionar seus próprios limites. Thomaz não apenas lida com as ameaças diretas à sua vida, mas também com o retorno ao Brasil, onde seu pai, recém-eleito primeiro-ministro, só complica ainda mais a situação. A alta política brasileira, retratada com o olhar mordaz de Paiva, mostra a sujeira que se esconde nas camadas mais poderosas da sociedade, ao mesmo tempo que explora a hipocrisia e a corrupção do sistema.


A narrativa flui com rapidez, mantendo o leitor preso às reviravoltas da trama. As cenas de ação e as descrições dos cenários sombrios de Nova York e do Brasil pós-ditadura tornam a leitura envolvente, sem deixar de lado a crítica feroz à sociedade contemporânea. A linguagem simples e coloquial aproxima o leitor do enredo, facilitando a imersão na complexidade do universo retratado.


Mas atenção, o livro possui cenas muito fortes que são alertas de gatilhos para violência sexual e cenas eróticas que tiram o livro do radar dos mais jovens.

Assim, Bala na Agulha é uma obra recomendada para quem aprecia histórias intensas, com ritmo acelerado, e para aqueles que buscam algo mais do que apenas ação: uma visão crítica e irônica de um mundo onde política e crime se encontram em todos os níveis, mas leve em conta os avisos dados.

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