Nada digo de ti, que em ti não veja, de Eliana Alves Cruz

"Foi só então que reparou que nunca tinha feito isso; pensar em um futuro. Estava sempre ocupado em conseguir mais um dia, umas horas de vida a mais na dependência de Sinhá Branca e depois de Frei Alexandre. Agora poderia pensar em ser dono de si."

Nota: ⭐⭐⭐⭐

Edição: Pallas

Ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1730, "Nada digo de ti, que em ti" não veja nos trará as poderosas família Gama e Muniz, que querem unir seus filhos, Felipe e Sianinha, em matrimônio para fortalecer as famílias nesse período de vinda de inquisidores para a Colônia. Entretanto, quando cartas misteriosas começar a chegar para os diversos personagens da trama e revelando segredos ocultos sobre suas relações, a história entra em uma trama envolvente e mistérios familiares que podem findar com suas famílias e reputações.

Como plano de fundo histórico a corrida do ouro e diamante das Minas Gerais, a escravidão e período econômico e social do Brasil colonial, Eliana traz uma história surpreendente que prende a cada cena e diálogo. Suas personagens trazem segredos e malícias que trazem reflexões sobre este momento histórico e como temas como corrupção, racismo, homofobia, fanatismo, transexualidade e intolerância religiosa estão presentes em nossa história, e como estes temas ainda perduram até os dias atuais.

A história possui um narrador misterioso que nos conduz na história de forma que ficamos interessados em saber mais das personagens, como se fosse uma grande fofoca que não podemos deixar de saber! E destaco aqui o quão incrível é a personagem Vitória e Zé Savalú, que protagonizam diálogos, momentos e reflexões ao longo da obra, nos fazendo torcer por eles até o final da história.

Recomendo demais a obra, que foi o meu grande livro de 2023! E com certeza lerei tudo que esta autora já escreveu e escreverá!