O Prisioneiro do Céu, de Carlos Ruiz Záfon
- Felipe Reimberg Berlofa
- 6 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

“Sempre soube que um dia voltaria a estas ruas para contar a história do homem que perdeu a alma e o nome entre as sombras de uma Barcelona submersa no sono medroso de um tempo de cinzas e silêncio. São páginas escritas com fogo sob a proteção da cidade dos malditos, palavras gravadas na memória daquele que retornou de entre os mortos com uma promessa cravada no coração e pagando o preço de uma maldição”.
"Há épocas e lugares em que ser ninguém é muito mais digno do que ser alguém.”
Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️
Editora: Suma
Conheci essa saga há alguns anos e continuo fascinado pela genialidade de Carlos Ruiz Zafón em criar uma narrativa que permite ao leitor montar o quebra-cabeça de sua própria maneira. O Prisioneiro do Céu, terceiro volume da tetralogia O Cemitério dos Livros Esquecidos, é mais uma prova do talento do autor em construir histórias envolventes e interligadas.
Neste livro, voltamos às ruas sombrias de Barcelona para acompanhar Fermín Romero de Torres, um dos personagens mais carismáticos de A Sombra do Vento. A narrativa intercala o passado de Fermín, quando esteve aprisionado no castelo de Montjuïc, com os eventos do presente, em que Daniel Sempere continua a desvendar mistérios ligados à sua família e ao legado dos livros esquecidos.
Apesar de ser o volume mais breve e leve da série, Zafón mantém a essência de sua escrita: uma combinação de mistério, drama e uma atmosfera melancólica que mergulha o leitor em uma Barcelona cheia de segredos. O Prisioneiro do Céu se destaca por aprofundar o universo da saga, ampliando as conexões entre A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo. As revelações deste volume não apenas ressignificam os livros anteriores, mas também preparam o terreno para um desfecho que promete ser épico.
Fermín é o grande destaque do livro. Sua história de superação é tocante e revela novas camadas de sua personalidade espirituosa e resiliente. Ver sua jornada culminar em momentos de felicidade é um presente para os leitores. As passagens no castelo de Montjuïc, que evocam O Conde de Monte Cristo, são especialmente memoráveis, reforçando temas como justiça, vingança e redenção.
Ler a série na ordem de lançamento parece ser a escolha ideal para aproveitar ao máximo as nuances dessa trama intricada. Os elementos revelados aqui ganham um peso maior com o contexto dos volumes anteriores. Ainda assim, a saga mantém sua beleza singular: a liberdade de descobrir os segredos de forma não linear.
Com O Prisioneiro do Céu, Zafón prova novamente seu talento em criar uma narrativa rica e cativante, onde cada detalhe tem importância. A expectativa para o grand finale só aumenta, e este livro deixa claro que o autor ainda tem muito a oferecer.
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