Os mortos, de James Joyce
- Felipe Reimberg Berlofa
- 9 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de jan.

"Desmaiava-lhe a alma lentamente enquanto ouvia no universo a neve leve caía e que caía , leve neve, como o pouso de seu fim definitivo, sobre todos os vivos e os mortos. "
Nota: ⭐⭐⭐⭐❤️
Nesta pequena edição da Penguin & Companhia das Letras, "Os mortos" vai nos trazer três textos interessantíssimos ,que diferente do que o título a priori nos sugere, irão falar sobre amor. Aqui entramos em contato com o conto que dá título ao livro 'Os mortos"e o conto "Arábias", ambos presentes na obra "Dublinenses", publicado em 1914. E para complementar, seu último capítulo traz o monólogo de Molly Bloom, da obra mais aclamada de Joyce: "Ulisses", publicado em 1920.
O conto principal nos trará a trama de Gabriel Conroy e sua esposa Gretta, que vão em uma tradicional festa de fim de ano de suas tias solteironas. Nesta festa, somos apresentados minuciosamente aos seus detalhes e as relações que Gabriel possuí com membros de sua família, desde a grande relação com as tias até o desentendimento que possuí com uma de suas primas. Mas o grande ápice deste conto está na volta para o hotel em uma Dublin nevada e onde Gabriel presencia uma revelação do passado de sua esposa que implica em uma bela epifania ao final do conto. Esse conto é extremamente delicado e trará não somente revelações humanas em seu final ao tratar de temas universais como o amor e a morte, mas também traz o modo de vida nacionalista e conservador irlandês para discussão.
Já o segundo conto é mais rápido e somos transportados a história de um garoto que se apaixona pela irmã do amigo de rua e faz de tudo para visitar um bazar árabe que sua pretendente queria ir, mas não conseguirá visitar. Esse pequeno conto já nos traz reflexões sobre o amor juvenil e também é bem bonito.
Depois desses contos, nos deparamos com o extenso monólogo de Molly Bloom e particularmente, apesar de amar escritores que utilizam o fluxo de consciência e o monólogo interior, esse é meu primeiro contato com Joyce e senti alguma dificuldade de entender e assimilar tudo desse monólogo presente no final da obra prima de Joyce. Mas os contos nos dão uma boa introdução a sua escrita e com certeza lerei mais contos dele para poder encarar um dia sua obra magistral.
O que fica de "Os mortos" é um gostinho desse novo autor que estou conhecendo e como a sua prosa pode ser bem poética, o que me agradou demais e fez o conto "Os mortos" se tornar um de meus favoritos.
Yorumlar